sexta-feira, 28 de outubro de 2011

POETA GRAPIÚNA GANHA PRÊMIO POTIGUAR DE POESIA

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clip_image002A Fundação José Augusto (FJA), órgão do governo do estado que lida com a cultura no Rio Grande do Norte, entrega na segunda-feira (21 de março), o Prêmio Luís Carlos Guimarães relativo ao ano de 2010. A solenidade acontecerá no TCP (Teatro de Cultura Popular), às 16h, com a execução do Hino do Rio Grande do Norte pela Camerata Potiguar, regida pelo maestro Paraguai, que contará com a voz da soprano Alzeny Melo. Em seguida, acontecerá a apresentação do grupo “Poesias & Flores em Caixas”, sob o comando da jornalista Michelle Ferret. Mas o ponto alto da festa será a entrega de prêmios literários, numa clara demonstração da nova política editorial do governo potiguar. O evento homenageia Luís Carlos Guimarães, que leva o nome do prestigiado prêmio e é um dos principais poetas do Rio Grande do Norte. “Luís Carlos era um poeta parcimonioso e íntimo articulador das palavras, autor de uma obra que é puro encantamento", observa Isaura Rosado, Secretária Extraordinária da Cultura.

Dos três livros inéditos premiados, o baiano ANTONIO NAHUD JÚNIOR venceu na categoria poesia com “Alma que Voa”. Radicado em Natal, poeta ligado à natureza e ao xamanismo, Antonio tem oito livros publicados, três deles em Portugal. Sua experiência de inúmeras viagens é transmitida em versos livres louvados pelos maiores intelectuais potiguares. O jornalista Woden Madruga diz: "Um dia o poeta se fez aventureiro levando mundo afora sua poesia e paixão pelo irreverente, romântico sempre, o tempo todo, saiu por mares nunca dantes navegados". O segundo livro premiado, categoria não-ficção, foi “Livro dos Poetas”, uma coletânea de entrevistas organizada por Adriano de Sousa, com Dorian Gray, Fagundes de Menezes, Homero Homem, Jayme Wanderley, João Cabral de Mello Neto, José Bezerra Gomes, Moacy Cirne, Nei Leandro de Castro e Zila Mamede. Por fim, o terceiro prêmio caiu para “Príncipe Plebeu”, de Cláudio Galvão, uma biografia do poeta Othoniel Menezes. Uma bela homenagem ao autor do poema musicado “Praieira”, verdadeiro hino em homenagem a Natal e ao povo potiguar.

Para completar o dia, poetas subirão ao palco para suas performances e interpretações líricas. Começa com o “Grupo La Truppe”, depois o poeta Plínio Sanderson, que será seguido pelo poeta multimídia Carito, que dá a vez ao poeta performático Marcos Cavalcante. A noite prossegue com a apresentação do “Gato Lúdico”, comandado por Vicente Vitoriano e chega ao auge com a apresentação do “Grupo Escolar”, de Marcelus Bob. Para completar a festa, subirão ao palco dois convidados: os poetas Celso Borges, do Maranhão, e Wilmar Silva, de Belo Horizonte. O Prêmio Luis Fernando Guimarães reconhece o talento de poetas e escritores nascidos ou residentes no Rio Grande do Norte, cabendo aos três primeiros colocados um prêmio em dinheiro de, respectivamente, dez, oito e cinco salários mínimos e 50 exemplares do livro que será editado pela Fundação José Augusto com os trabalhos premiados. Além disso, o primeiro colocado tem os seus poemas publicados na revista “Preá”. Luís Carlos Guimarães nasceu em Currais Novos, interior do Rio Grande do Norte, em 1934. Jornalista, juiz de Direito e professor universitário, publicou “O Aprendiz e a Canção”, “As Cores do Dia”, “Ponto de Fuga”, “O Sal da Palavra”, “Pauta de Passarinho”, “A Lua no Espelho” e “O Fruto Maduro”. Sem jamais ter saído da província natal, foi reconhecido como um dos grandes poetas do país.

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clip_image004Antonio Nahud Junior por ele mesmo:
Grapiúna, geminiano e sob a proteção de Oxóssi, vim ao mundo à meia-noite, em Itabuna, no sul da Bahia, reino dos frutos de ouro. Nas veias, sangue árabe, indígena, sergipano e português. Tenho compaixão por aqueles que sofrem pela exclusão social. Durante anos, estudei no tradicional Colégio Divina Providência, aprendendo a amar a literatura graças à sabedoria do professor, babalorixá e escritor Ruy do Carmo Póvoas. Em 1993, após diversos prêmios literários sem importância e o apadrinhamento do poeta Telmo Padilha, tive o júbilo da estréia literária com “O Aprendiz do Amor”.

Parti para a velha Europa em 1994, pois estava inquieto, desanimado e confuso. Procurava respostas para muitas questões incômodas. Encontrei algumas. Sobrevivi no Velho Continente dos textos que escrevia e enviava aos jornais e revistas do Brasil (Folha de S. Paulo, O Tempo, A Tarde, Continente Multicultural, Profashional etc.). Por fim, colaborei com respeitáveis veículos de comunicação portugueses (Diário de Notícias, O Público, Jornal de Sintra, Foco etc.) e espanhóis (La Vanguardia etc.). Morei longas temporadas nos domínios de Fernando Pessoa (Lisboa, Sintra e Cascais), Espanha (Barcelona, Madri, Cádiz e Pontevedra), França e Inglaterra. Em Portugal, três livros meus foram publicados.

Outra vez no sul da Bahia, procurei fazer a coisa certa como vice-diretor do Centro de Cultura Adonias Filho; escrevi por mais de um ano a polêmica coluna “Curto/Circuito”, no Diário do Sul; dirigi e apresentei o programa de colunismo social eletrônico “Fina Estampa'”, na TV Itabuna. Lancei meu “Livro de Imagens” em 2008, publicação da Fundação Pedro Calmon. De novo em Natal, ando escrevendo noites a fio, ouço jazz e da janela do flat em que moro - num quinto andar - observo dunas, estrelas cintilantes, a lua e a imensidão do mar.

Para mim, escrever não é apenas sentar à mesa consigo mesmo, na solidão da noite. É escutar o espírito do mundo. Pode até ser que, no fim da minha existência de carne e osso, deixe poucos rastros nítidos da minha passagem na terra, mas irei com o coração saciado, certo de que vivi o estilo aventureiro de vida que escolhi; ciente também que estudei, viajei, fortaleci a alma e li tudo o que pude, mas que ainda assim morri consciente de que nada sabia.

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